Dependência ao exercício, também chamada de Vigorexia ou Overtraining, em inglês, é um transtorno no qual as pessoas realizam práticas esportivas de forma continua, com uma valorização praticamente fanáticaa a tal ponto de exigir constantemente seu corpo sem importar com eventuais conseqüências ou contra-indicações, mesmo profissionalmente orientadas.
A Vigorexia está nascendo no seio de uma sociedade consumista, competitiva, frívola até certo ponto e onde o culto à imagem acaba adquirindo, praticamente, a categoria de fanatismo. A Vigorexia e, em geral os Transtornos Alimentares exemplificam bem a influência sociocultural na incidência de alguns transtornos emocionais.
A Vigorexia, mais comum em homens, se caracteriza por uma preocupação excessiva em ficar forte a todo custo. Apesar dos portadores desses transtornos serem bastante musculosos, passam horas na academia malhando e ainda assim se consideram fracos, magros e até esqueléticos. Uma das observações psicológicas desses pacientes é que têm vergonha do próprio corpo, recorrendo assim aos exercícios excessivos e à fórmulas mágicas para acelerar o fortalecimento, como por exemplo os esteróides anabolizantes.
A escravização que as pessoas das sociedades civilizadas se submetem aos padrões de beleza tem sido um dos fatores sócio-culturais associados ao incremento da incidência dos Transtornos Dismórficos, sejam Corporais (associados à Anorexia e Bulimia) ou Musculares (Vigorexia).
O habitual desejável ao ser humano moderno é estar moderadamente preocupado com seu corpo, sem que essa preocupação se converta numa obsessão. O ideal desejável e sadio não é o padrão imposto pelas revistas de beleza e pelos modelos publicitários mas sim, estar satisfeito consigo mesmo e aceitar-se como é. Mas quem, na adolescência não se sentiu complexado alguma vez, ao menos pelo tamanho de seu nariz? Quem não sofreu com a acne na puberdade?
Tais complexos acabam gerando insegurança social, podem agravar a introversão e timidez. A atitude mais habitual, apesar de inocente, é acreditar que a timidez e insegurança sociais seriam resolvidas caso a pessoa fosse bela, forte, um modelo de homem perfeito, um corpo escultural. Nasce aí a obsessão de beleza física e perfeição, os quais se convertem em autênticas doenças emocionais, acompanhadas de severa ansiedade, depressão, fobias, atitudes compulsivas e repetitivas (olhadas seguidas no espelho) e que conduzem ao chamado Transtorno Dismórfico Corporal.
O termo Dismorfia Corporal foi proposto em 1886 pelo italiano Morselli. Freud descreveu o caso do “Homem Lobo”, uma pessoa que, apesar de ter um excesso de pelos no corpo, centrava sua excessiva preocupação na forma e tamanho de seu nariz. Ele o via horrível, proeminente e cheio de cicatrizes.
Embora exista um grande número de pessoas mais ou menos preocupadas com sua aparência, para ser diagnosticado Dismorfia, deve haver sofrimento significativo e uma reiterada obsessão com alguma parte do corpo que impeça uma vida normal. Quando esse quadro todo se fixa na questão muscular, havendo uma busca obsessiva para uma silhueta perfeita, o transtorno se chamará Vigorexia ou Transtorno Dismórfico Muscular.
A busca de um corpo perfeito e musculoso a qualquer preço começa, então, a ser tratada como uma patologia. A Vigorexia, ou Síndrome de Adônis, é um transtorno emocional assim denominado pelo psiquiatra americano Harrison G. Pope da Faculdade de Medicina de Harvard, Massachusetts (veja a entrevista com Pope em Notícias PsiqWeb).
Os estudos de Pope foram publicados na revista Psychosomatic Medicine, e constaram da observação de adictos à musculação, e comprovaram que entre mais de 9 milhões de norte-americanos que freqüentam regularmente academias de ginástica, cerca de um milhão poderia estar acometido por este transtorno emocional.
A Vigorexia, como vimos pode ser sinônimo de Dismorfia Muscular (ou Transtorno Dismórfico Muscular) e não é casualidade que o nome Vigorexia rime com Anorexia.
As duas doenças promovem a distorção da imagem que os pacientes têm sobre si mesmos: os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros, os Vigoréxicos nunca se acham suficientemente musculosos. Ambas podem ser consideradas como “patologias do narcisismo”. Alguns autores já estão atribuindo o aparecimento da Vigorexia à moda e à um estilo de vida tipo “vigilante da praia”.
Não se trata, simplesmente, de fazer exercícios para receber o diagnóstico de Vigorexia. Os exercícios orientados, com indicação médica ou terapêutica, recreativos e/ou de condicionamento continuam sendo muito bem vindos na medicina e na psiquiatria.
Entretanto, as pessoas que treinam exaustivamente, não apenas para se sentirem bem, mas para ficarem estupendos e perfeitos, são sérios candidatos ao diagnóstico de Vigorexia. Normalmente essas pessoas estão dispostas a manter uma dieta rigorosa, a tomar fármacos e a treinar duro para conseguir seu objetivo. Elas perdem a noção de sua própria corporeidade e nunca param ou ficam satisfeitos.
Os sintomas da Vigorexia se evidenciam pela obsessão em tornar-se musculosos. Essas pessoas olham-se constantemente no espelho e, apesar de musculosos, podem ver-se enfraquecidos ou distantes de seus ideais. Sentirem-se assim “incompletos”, faz com que eles invistam todas as horas possíveis em exercícios e ginásticas para aumentar sua musculatura.
Es difícil estabelecer limites entre um exercício saudável e um exercício obsessivo, mas é bom lembrar que os vigoréxicos, além da musculação continuada, comem de forma atípica e exagerada. Esses pacientes se pesam várias vezes por dia e fazem continuadas comparações com outros
companheiros de academia. A doença vai derivando num quadro obsessivo-compulsivo, de tal forma que eles se sentem fracassados, abandonam suas atividades e se isolam em academias dia e noite.
Alguns anoréxicos podem chegar a ingerir mais de 4.500 calorias diárias (o normal para uma pessoa é 2.500), e sempre acompanhado por numerosos e perigosos complementos vitamínicos, hormonais e anabolizantes. Tudo isso é feito com o propósito de aumentar a massa muscular, mesmo tendo sido alertados quanto aos graves efeitos colaterais desse estilo de vida.
A Vigorexia deve ser considerada um transtorno da linhagem obsessivo-compulsiva, tanto pela obsessão em musculatura, pela compulsão aos exercícios e ingestão de substâncias que aumentam a massa muscular, quanto pela fragrante distorção do esquema corporal.
Todavia, apesar de ser clinicamente característica, a Vigorexia não está ainda incluída nas classificações tradicionais de transtornos mentais (CID.10 e DSM.IV), embora possa ser considerada uma espécie de Dismorfia Corporal, já que também é conhecida com o nome de Dismorfia Muscular.
Consequências:
Uma das conseqüências da vigorexia ou overtraining, dizem respeito ao excesso de treinamento e às reações corporais que avisam, por assim dizer, que algo está errado. São reações semelhantes ao estresse tais como: insônia, falta de apetite, irritabilidade, desinteresse sexual, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração entre outras.
Além da obsessão com o corpo perfeito, a Vigorexia também produz uma importante mudança nos hábitos e atitudes dos pacientes, notadamente na questão alimentar. Até a mínima caloria ingerida será contabilizada e medida com máxima atenção, pois a beleza corporal dependerá disso. A vida do anoréxico gira em torno dos cuidados com seu corpo, sua dieta é minuciosamente regulada, eliminando-se totalmente as gorduras e, ao contrário, consumindo-se excessivamente as proteínas. Esse desequilíbrio alimentar acaba por sobrecarregar o fígado, obrigando-o a desempenhar um trabalho extra.
A Vigorexia causa problemas físicos e estéticos, como por exemplo, a desproporção displásica, também entre o corpo e cabeça, problemas ósseos e articulares devido ao peso excessivo, falta de agilidade e encurtamento de músculos e tendões.
A situação se agrava quando surge o consumo de esteróides e anabolizantes com o fim de conseguir “melhores resultados”. O consumo destas sustâncias aumenta o risco de doenças cardiovasculares, lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior propensão ao câncer da próstata.
Emocionalmente, segundo estudos de Pope, a Vigorexia pode ter como conseqüência um quadro de Transtorno Obsessivo-conpulsivo, fazendo com que os pacientes se sintam fracassados e abandonem suas atividades sociais, inclusive de trabalho, com o propósito de treinar e exercitar-se sem descanso.
Costuma haver algum grau significativo de comprometimento social e/ou ocupacional nos pacientes portadores de Vigorexia, e sua qualidade de vida pode ser agravada ainda por procedimentos potencialmente iatrogênicos e onerosos, como tratamentos cirúrgicos e dermatológicos desnecessários.
Sintomas e Patologias
Psiquiatricamente o quadro mais diretamente associado à Vigorexia é a chamada Dismorfia Muscular (ou Transtorno Dismórfico Muscular), uma patologia psíquica das pessoas excessivamente preocupadas com a própria aparência, constantemente insatisfeitas com seus músculos e continuadamente em obsessiva busca da perfeição.
O sintoma central parece ser uma distorção na percepção do próprio corpo e deste sintoma decorrem os demais, como por exemplo, a obsessão pelos exercícios e dietas especiais. Esse tipo de sintoma básico (percepção distorcida do próprio corpo) também é o sintoma principal dos transtornos alimentares.
A Dismorfia Muscular é uma espécie de subdivisão de um quadro mais abrangente chamado de Transtorno Dismórfico Corporal, definido como uma preocupação com algum defeito imaginário na aparência física numa pessoa com aparência normal A Dismorfia Muscular seria uma alteração na percepção do esquema corporal, específica da estética muscular do corpo e não um defeito na percepção corporal imaginário qualquer. Os quadros mais comuns no Transtorno Dismórfico envolvem, principalmente, preocupações com defeitos faciais ou outras partes do corpo, cheiro corporal e aspectos da aparência. Quando diz respeito à visão distorcida e irreal da estética muscular falamos em Dismorfia Muscular.
Transtorno Dismórfico Corporal e Transtorno Dismórfico Muscular
Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal sofrem de idéias persistentes sobre o modo como percebem a própria aparência corporal, portanto, todo paciente com Vigorexia tem também Transtorno Dismórfico Corporal. Esses pensamentos persistentes, intrusivos, difíceis de resistir, invadindo a consciência e em geral acompanhados por compulsões rituais de olhar-se no espelho constantemente seriam muito semelhantes aos pensamentos obsessivos dos pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Essas idéias obsessivas sobre defeitos no próprio corpo são, em geral, egodistônicas, ou seja, estão em desacordo com o gosto da pessoa, portanto, fazem a pessoa sofrer.
No Transtorno Dismórfico Corporal são mais comuns as queixas que envolvem defeitos faciais, como por exemplo a forma ou tamanho do nariz, do queixo, a calvície, etc. mas, não obstante podem envolver outros órgãos ou funções, como a preocupação com o cheiro corporal que exalam, mau hálito, odor dos pés, etc.
Choi1, Pope e Olivardia definem o Transtorno Dismórfico Muscular como uma nova síndrome onde as pessoas, geralmente homens, independentemente de sua musculatura (embora normalmente sejam bem desenvolvidos), têm uma opinião patológica a respeito do próprio corpo, acreditando terem uma musculatura muito pequena.
A co-morbidade do Transtorno Dismórfico Corporal ou de sua variante, o Transtorno Dismórfico Muscular (Dismorfia Muscular), com outros quadros psiquiátricos, tais como a Fobia Social, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Depressão e outros quadros delirantes é bastante freqüente. Com Depressão e Ansiedade essa co-morbidade chega a 50% dos casos, especialmente com quadros de ansiedade tipo Pânico.
Com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo clássico, Fobia Social e Anorexia Nervosa a comorbidade também é alta, em torno de 40%. Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal em geral são perfeccionistas e podem ter traços de personalidade obsessivos ou esquizóides.
Causas
Ainda que não se tenham dúvidas sobre o forte elemento sociocultural no desenvolvimento e na incidência da Vigorexia, também parece que a patologia esteja relacionada com desequilíbrios de diversos neurotransmissores do sistema nervoso central, mais precisamente da serotonina.
Também a causa do Transtorno Dismórfico Corporal é desconhecida, embora existam relatos de algum envolvimento orgânico em casos que tiveram início pós-encefalite ou meningite. Isso reforça a hipótese de envolvimento ou disfunção dos gânglios da base nestes quadros. Essa mesma hipótese tem sido emprestada ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo e outros transtornos do espectro obsessivo-compulsivo.
Incidência
Os transtornos derivados da excessiva preocupação com o corpo estão se convertendo numa verdadeira epidemia. Desejar com ardor uma imagem perfeita não implica sofrer de uma doença mental, mas aumenta as possibilidades de que esta apareça. Ainda que haja hipóteses biológicas para estes transtornos, como por exemplo, eventuais alterações nos desequilíbrios nos níveis de serotonina e outros neurotransmissores cerebrais, não cabem dúvidas de que os fatores sócio-culturais e educativos têm uma grande influência em sua incidência.
Os portadores de Vigorexia são, em sua maioria, homens entre 18 e 35 anos, os quais começam a dedicar demasiado tempo (entre 3 e 4 horas diárias) a atividade de modelação física, resultando em algum tipo de prejuízo sócio-ocupacional. A idade de início mais comum do Transtorno Dismórfico Corporal também é no final da adolescência ou início da idade adulta. A média de idade está em torno dos 20 anos, não sendo raro que o diagnóstico seja feito mais tardiamente. Por causa dessas coincidências é que a Vigorexia (ou Transtorno Dismórfico Muscular) pode ser incluída dentro do Transtorno Dismórfico Corporal.
Essas idéias obsessivas sobre defeitos no próprio corpo são, em geral, egodistônicas, ou seja, estão em desacordo com o gosto da pessoa, portanto, fazem a pessoa sofrer.
No Transtorno Dismórfico Corporal são mais comuns as queixas que envolvem defeitos faciais, como por exemplo a forma ou tamanho do nariz, do queixo, a calvície, etc. mas, não obstante podem envolver outros órgãos ou funções, como a preocupação com o cheiro corporal que exalam, mau hálito, odor dos pés, etc.
Choi1, Pope e Olivardia definem o Transtorno Dismórfico Muscular como uma nova síndrome onde as pessoas, geralmente homens, independentemente de sua musculatura (embora normalmente sejam bem desenvolvidos), têm uma opinião patológica a respeito do próprio corpo, acreditando terem uma musculatura muito pequena.
A co-morbidade do Transtorno Dismórfico Corporal ou de sua variante, o Transtorno Dismórfico Muscular (Dismorfia Muscular), com outros quadros psiquiátricos, tais como a Fobia Social, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Depressão e outros quadros delirantes é bastante freqüente. Com Depressão e Ansiedade essa co-morbidade chega a 50% dos casos, especialmente com quadros de ansiedade tipo Pânico.
Com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo clássico, Fobia Social e Anorexia Nervosa a comorbidade também é alta, em torno de 40%. Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal em geral são perfeccionistas e podem ter traços de personalidade obsessivos ou esquizóides.
Causas
Ainda que não se tenham dúvidas sobre o forte elemento sociocultural no desenvolvimento e na incidência da Vigorexia, também parece que a patologia esteja relacionada com desequilíbrios de diversos neurotransmissores do sistema nervoso central, mais precisamente da serotonina.
Também a causa do Transtorno Dismórfico Corporal é desconhecida, embora existam relatos de algum envolvimento orgânico em casos que tiveram início pós-encefalite ou meningite. Isso reforça a hipótese de envolvimento ou disfunção dos gânglios da base nestes quadros. Essa mesma hipótese tem sido emprestada ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo e outros transtornos do espectro obsessivo-compulsivo.
Incidência
Os transtornos derivados da excessiva preocupação com o corpo estão se convertendo numa verdadeira epidemia. Desejar com ardor uma imagem perfeita não implica sofrer de uma doença mental, mas aumenta as possibilidades de que esta apareça. Ainda que haja hipóteses biológicas para estes transtornos, como por exemplo, eventuais alterações nos desequilíbrios nos níveis de serotonina e outros neurotransmissores cerebrais, não cabem dúvidas de que os fatores sócio-culturais e educativos têm uma grande influência em sua incidência.
Os portadores de Vigorexia são, em sua maioria, homens entre 18 e 35 anos, os quais começam a dedicar demasiado tempo (entre 3 e 4 horas diárias) a atividade de modelação física, resultando em algum tipo de prejuízo sócio-ocupacional. A idade de início mais comum do Transtorno Dismórfico Corporal também é no final da adolescência ou início da idade adulta. A média de idade está em torno dos 20 anos, não sendo raro que o diagnóstico seja feito mais tardiamente. Por causa dessas coincidências é que a Vigorexia (ou Transtorno Dismórfico Muscular) pode ser incluída dentro do Transtorno Dismórfico Corporal.
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